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Genotoxicidade

 

 

Os resultados in vivo e in vitro sobre a genotoxicidade do furano são inconsistentes e alguns dos testes in vitro não são viáveis devido à perda da concentração de furano através da sua volatilidade.

 

Em testes in vitro, o furano mostrou não ser mutagénico nas linhagens de Salmonella typhilmurium testadas, não ter efeitos genotóxicos em células de linfoma de ratinho e em linfócitos humanos com o sem ativação metabólica.

No entanto, o furano reduziu a percentagem de DNA no fígado de hepatócitos fetais, indicando a presença de ligações cruzadas entre DNA - proteínas e aumentou a percentagem de DNA no fígado após tratamento com proteinase K.

 

No teste de micronúcleos, não se observou potencial clastogénico (capacidade de induzir ruturas cromossómicas).

 

Por outro lado, o cis- 2-buteno-1,4-dial (principal metabolito do furano), foi diretamente mutagénico em S. typhimunrium T104, uma linhagem sensível a aldeídos e produziu aductos com o DNA.  Assim, um estudo posterior sustentou a hipótese de ser o cis- 2- buteno-1,4-dial o metabolito genotóxico do furano. [3]

 

 

Num outro estudo, foi-se perceber se o furano aumentava a frequência de micronúcleos, tanto in vivo como in vitro. Os resultados não revelaram nenhum aumento significativo na frequência de micronúcleos após administração de furano.

 

Também foi realizada a análise de micronúcleos in vitro em linfócitos humanos, pois este método tem a vantagem de assegurar que as células alvo são expostas à substância teste (o furano), e permite simular o efeito em células humanas. Os resultados deste ensaio confirmam os resultados dos testes in vivo, onde não foi observado aumento significativo na frequência de micronúcleos, com ou sem ativação metabólica.

 

Os resultados apresentados neste estudo indicam que o metabolito cis-2-buteno-1,4-dial é o responsável pela atividade tóxica. O metabolismo do furano não é suficientemente elevado para induzir um número detetável de micronúcleos, nem em ratos nem no nosso sistema in vitro. O mecanismo não genotóxico está relacionado com o facto de o metabolito estimular a proliferação celular, o que por sua vez aumenta a probabilidade de formação de tumores. A fim de esclarecer se o efeito cancerígeno no fígado é causado por mecanismos genotóxicos ou exclusivamente por um aumento da proliferação celular, são necessários estudos adicionais, isto porque apesar de alguns estudos terem mostrado o furano como uma substância genotóxica, tanto in vitro como in vivo, muitos outros estudos de genotoxicidade foram negativos ou têm produzido resultados ambíguos. [10]

Figura 13: Experiências laboratoriais em ratos

Genotoxicidade do metabolito cis-2-buteno-1,4-dial [11,12]

Em oposição ao furano, o seu metabolito cis-2-buteno-1,4-dial foi diretamente mutagénico em concentrações não tóxicas na Salmonella typhimurium, como referido anteriormente. Além disso, a incubação de cis-2-buteno-1,4-dial com glutationa , antes da adição de bactérias, inibiu a atividade citotóxica bem como genotóxica do metabolito . Em sistemas livres de células, foi mostrado que o cis-2-buteno-1,4-dial reagiu com desoxirribonucleósidos, 2'-desoxicitidina (dCyd), 2'- desoxirriboguanosina (dGuo) , e 2 '- desoxiadenosina (Dado) para formar aductos. A base timidina não reagiu com cis-2-buteno-1,4-dial nestes estudos. Enquanto os aductos dCyd inicialmente formados foram relativamente estáveis ​​, os produtos de reação, dGuo e Dado, eram instáveis ​​e decompostos em produtos secundários.

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